Mas antes vou contar uma história para vocês entenderem como termos, métodos, conceitos, dentre outros levam tempo para serem aceitos e, muitas vezes, precisam de alguém mais renomado ou ainda uma publicação em local de boa reputação, ou ainda que uma Instituição as adote e replique para se tornarem praticáveis ou ainda “aceitas” pela maioria das pessoas.
Em 2010 eu era bolsista da Capes no Doutorado e recebi a missão, junto com alguns outros colegas para pesquisar junto ao meio acadêmico internacional, quais seriam as tendências inovadoras para a educação nos próximos anos.
Bom, primeiro que fazer pesquisa sem ir à fonte não é fácil, segundo, dependemos de informações postadas em sites e repositórios que muitas vezes, não estão acessíveis, em terceiro, em um trabalho em equipe se enfrentam conflitos e no nosso não foi diferente, opiniões conflitantes sobre quais caminhos seguir… mas enfim…
Depois de uma pesquisa preliminar, cada um trouxe o que achou e colocou à equipe e percebemos que havia dois caminhos: continuar no tradicional, ou seja, nas mesmas linhas já estipuladas para o curso quando de sua criação, ou, arriscar-se por áreas inovadoras e que ainda não oferecíamos!
Sendo assim, lógico que escolhi o segundo e explico: Dentro das pesquisas pode-se observar de imediato, que muitas instituições ainda seguiam o sistema tradicional de ensino – alunos sentados e professor à lousa (ou quadro), como ocorre desde que surgiu o sistema educacional em escolas, bem como os métodos de ensino ainda nos mesmos formatos, aula expositiva, trabalhos, artigos, etc. Dentre os temas abordados sempre dentro do contexto dos cursos e suas ementas e, professores com seus conteúdos e sem muita interação com outras áreas e com pouca inovação nas estratégias. Já se via muita atividade no EaD, que saiu da “mesmice” com aulas em vídeo e acessadas de casa. No entanto, sobre este caso ainda tenho considerações a fazer, mas tratarei das mesmas em outro momento.
Bem, voltando, a segunda visão era mais inovadora, permitia seguir por outros caminhos, arriscar-se em misturar áreas e conhecimentos. Claro que para uma boa geminiana era também mais divertido e convenci alguns a enfrentarem comigo.
Nas pesquisas, observou-se algumas tendências bem relevantes tais como: a volta do empreendedorismo, só que com novos tipos de modelos de negócios. Voltou como necessidade (muito desemprego e também, devido às mudanças no comportamento das pessoas, que através das redes sociais nos dizem como se comportam e que agora querem se libertar dos “patrões” e, em outros casos, advindo apenas de novas ideias mesmo.
A criatividade e o uso e aplicação das técnicas de criatividade para incentivar os profissionais a pensarem sob novas óticas e abrindo caminho à novas possibilidades. A adoção de alguns critérios da área do Design, como concepção de projeto por exemplo e adoção do que hoje chamam de design thinking (que falarei em outro post mais detalhadamente). O design desde sua criação, idealiza um projeto pensando no uso e adaptação do produto ao consumidor (hoje serviços também), então, pensar como um designer nada mais é do que se colocar no lugar do usuário.
Áreas como planejamento, estratégias, gestão e ferramentas de gestão emergiram mais fortes ainda e, com propostas mais simples de compreensão para quem não é da área.
A tecnologia já era e hoje é mais ainda, fator importante para as conexões, trocas e ampliação de conhecimentos, além é claro, de propagador de tudo de bom que se faz pelo Mundo (infelizmente, de ruim também). Proporcionou também, que as pessoas trabalhassem de suas casas, algo antes impensável!!!
A questão do talento humano que foi mais priorizada. Eu sempre brinco com meus alunos: dividiu-se o mundo em pessoas com penso e sem penso!!!!! Eu explico: pessoas que não pensam são as que fazem algo repetitivo sem gerar nada novo e as que pensam, são àquelas que além de gerar algo novo, também adaptam formas de fazer criando novas possibilidades e desenvolvendo novas habilidades (vide o surgimento das competências que já abordei)
Bem, mas tudo isso agora novas visões, com base em novos modelos de negócios (vide artigo já postado), com a participação maior do consumidor, desta vez como Coautor de produtos e serviços (vide o Business Model Canvas de Osterwalder de 2011) e com conhecimento, habilidades e atitudes que geram valor!
Portanto, a equipe se dividiu, uns ficando com o lado mais tradicional e outros, com os itens mais arriscados. Partiu-se do ranking das 100 melhores Instituições de Ensino do Mundo e foi feita uma amostragem não probabilística, a partir da escolha das dez mais inovadores (ou seja, as que traziam áreas mais diversificadas de estudo).
Na apresentação, depois de mais de um semestre de pesquisas, conseguimos levantar várias hipóteses e partimos para o compartilhamento de dados e posterior discussão com os docentes e discentes do curso.
Sério gente, estava orgulhosa daquele levantamento e das possibilidades e achei que iriamos arrasar, mas que nada, para minha surpresa e de meus colegas o pessoal achou NOVO demais!!!!
Escutamos vários pontos de vista, dentre eles:
– “como assim o design”……”Nosso curso não é de design”….
– ”E economia criativa, mas o que é isso”?
– “Criatividade como ferramenta de gestão”?
Mas não foi de tudo em vão….eu sabia que as pessoas tenderiam a rejeitar o novo, se aceitassem tudo o que a gente estava propondo teriam que se mover para esse caminho e sair da zona de conforto e isso, não é algo que todo mundo está disposto.
Bom, nem preciso dizer a vocês que alguns destes que estavam assistindo, foram atrás dos novos conhecimentos, criaram novas disciplinas para atender às novas demandas e, muito me orgulho de ter sido, junto com meus colegas, um dos primeiros “grãozinhos” para esta mudança.
Bom, primeiro vamos ao conceito: Economia criativa é o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico.
Vejam só? E não é a reunião de tudo o que encontramos na pesquisa?
Pois bem, a nova indústria criativa, que estimula a geração de renda, cria empregos, promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano é origem deste mundo em evolução, dos estudos e aplicações de métodos, ferramentas, experiências etc, que que adveem na maioria das vezes, das Instituições de Ensino, que tem como uma das suas responsabilidades estar à frente dos novos conceitos, e por consequência, também são responsáveis por muitas das mudanças do mundo.
Investir em Instituições, pesquisas e pessoas (mestrandos e doutorandos) para buscarem novas soluções para problemas existentes e também advindos dos novos tempos!
Segundo dados do Sebrae, em 2015 a Economia Criativa gerou uma riqueza de R$ 156 milhões para a economia brasileira (Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil em pdf), publicado pela Firjan em 2016. Na ocasião, a participação do PIB Criativo estimado no PIB brasileiro foi de 2,64% em 2015, quando a Indústria Criativa era composta por 851,2 mil profissionais formais.