Esses dias estava conversando com a Tati, minha aluna de Processos Gerenciais sobre o trabalho dela e de seus colegas que aborda cuidadores de pessoas idosas e comentamos que profissão linda, no entanto difícil, e eu disse que não poderia ser uma cuidadora de idosos porque não tinha paciência.
Ela balançou a cabeça e riu e, ri também, mas porque nós duas pensamos a mesma coisa: que bobagem…afinal, sou professora e isso requer muita paciência também.
Quem me acompanha sabe que venho de uma família com vários professores, mas quem mais me inspirou foi meu avô paterno, o Professor Keller. Ele era exigente, com fala firme e pausada, dominava a oratória como ninguém…. terno e sábio….muitas qualidades num homem só….ele dava aulas no interior do Rio Grande do Sul, em uma sala de aula que tinha alunos de várias séries…um quadro em cada parede e nelas, matérias voltadas a cada série específica….pensem que professor multi ele era? E quão difícil era ministrar aulas para várias turmas em uma mesma sala? E, tudo com poucas condições…..enfim, ele conseguia porque seus alunos aprendiam e se manifestavam a respeito disso sempre que o encontravam.
Para ser um bom professor, é preciso dedicação, comprometimento, compreensão, paciência (muita), empatia (muito mais), atenciosidade, cumplicidade, confiança e muito mais. Acredito que ao fazer uma enquete junto a colegas professores, certamente surgiriam outras competências. Veja meu post sobre Soft Skills!
Penso também, que a principal questão é entender que ensinar não contempla apenas a sala de aula, mas todo um conjunto de ações necessárias à construção do aprendizado do aluno, que por sua vez, pode ser rápido, outras vezes mais lento, em algumas situações mais complexo.
É preciso refletir em todos os momentos: quando se desenvolve o material de aula; quando se aplica a aula, quando se exercita o conhecimento sobre o conteúdo e o que se quer como resultado dele e, talvez o que mais importe, é o quanto estamos disponíveis quando neste processo, o aluno precisar de nós.
Ainda há de se considerar, que o ensino deve ter um caráter imparcial, dotado de possibilidades que permitam que os alunos reflitam e decidam sobre quais linhas de pensamento seguir, de modo que suas compreensões lhe possibilitem escolhas e a tomada de decisão.
E eu tento! Principalmente mostrar aos alunos as benesses do aprender. Para tal sempre utilizo a tríade: missão, visão e valores, como linhas de trabalho, são elas:
. Missão: Compartilhar meus conhecimentos tornando os conteúdos mais simples e práticos para facilitar o aprendizado dos alunos.
. Visão: Ser uma referência para os alunos, quando eles se pensam em um professor que ensina, exercita e está disponível para o aluno quando ele precisar.
. Valores: Ética, transparência, verdade, empatia e amor, necessários aos relacionamentos.
Eu também sigo a “cartilha” da escola, com plano de ensino, planos de aula, slides bem “lindos” e detalhados, referências de literatura e demais exigências da docência e porque não dizer até uma obrigação e um dever!
No entanto, adapto os conteúdos de acordo com meu público do momento. Existem turmas em que o método funciona certinho, tem outras que não, aliás, temos mais turmas e porque não dizer, pessoas que não, e o professor precisa saber lidar com as diferenças, ou ao menos tentar. Nunca desistir!
Dois exemplos que utilizo para meu padrão de aulas vem de dois filmes: Sociedade dos Poetas Mortos e O Espelho tem duas faces. Assistam! Vale muito a pena refletir sobre os ensinamentos que ambos apresentam, dentre eles a importância do relacionamento entre as pessoas.
Lembro que assistia às aulas da professora Joana Maria Pedro (hoje na UFSC) no ensino médio, que descrevia a história do Brasil com tantos detalhes que eu imaginava que ela vivenciou aqueles momentos de certeza….mas ela também sempre dizia: toda história tem dois lados e lá íamos nós ver os pontos positivos e negativos de Tiradentes, D. Pedro (dos dois), Hitler e quem mais aparecesse…eu adorava!!!! Me fez amar história para sempre!
Lembro também, que tinha dificuldades que me deixavam sem dormir em Operacionalização da Produção na Faculdade de Administração (UFSC) e confessei ao professor que estava mergulhada na depressão (exagerada como boa geminiana) e ele gentilmente me estendeu a mão e disse: você não precisa tirar 10, você precisa entender como se aplica e tudo bem…..ele pacientemente me mostrou cada etapa do processo e pediu para que eu lhe mostrasse que entendi e que isso bastava para ele. Sim gente, tudo bem não tirar 10!!
Hoje, a preocupação de muitas instituições e de professores, está relacionada às inovações pedagógicas, salas de aula invertidas, em formar líderes globais, aplicar metodologias ágeis, dentre outras, mas eu sou franca em lhes dizer que acho sim isso tudo importante, mas além disso, é também preciso entender, que lidamos com seres humanos, e entender suas dificuldades, seus anseios, seus medos e mostrar seus ganhos ao estudar, é bem mais relevante na construção de uma relação de aluno-professor.
Bom, eu sou uma pessoa otimista e tenho esperança do verbo esperançar que se deve correr atrás do que se quer, buscar o que se deseja e nunca desistir pois segundo Albert Schweitzer: “A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo” – ou seja, desistir antes de tentar.
Então amigos, sem professores não há educação e sem educação não haverá futuro!
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